sexta-feira, 21 de outubro de 2011



Calma, vai passar. olhe, não fique assim não, vai passar. eu sei que dói. é horrível. eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. sei que parece que vai explodir, mas não explode. sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. dor é assim mesmo, arde, depois passa. que bom. aliás, a vida é assim: arde, depois passa. que pena. a gente acha que não vai aguentar, mas aguenta: as dores da vida. pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. mas agora já passou. agora já é dez segundos depois da frase passada. sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. agora não dá mesmo pra ser feliz. é impossível. mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre ? isso é bobagem. como cantou  vinícius: “é melhor viver do que ser feliz”. porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. tem que tentar e não conseguir. achar que vai dar e ver que não deu. querer muito e não alcançar. ter e perder. tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. a vida é incontornável. a gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. dói, ai, eu sei como dói. mas passa.

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